O que não te contaram sobre a popularidade de Trump

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Pesquisas mostram que o presidente americano mantém força em segmentos chave, apesar da rejeição elevada em outros grupos.

A avaliação do desempenho de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos escancara a divisão interna da sociedade americana. E como os números agregados enganam.

Em abril de 2025, pesquisas dos institutos Pew Research Center, Gallup, Marist, Reuters/Ipsos e YouGov apontaram taxas de aprovação entre 40% e 45%. São números considerados “baixos” por muitos, mas que escondem uma realidade mais complexa.

Trump continua popular entre segmentos decisivos do eleitorado, ao mesmo tempo em que enfrenta rejeição acentuada em outros.

Eleitores brancos seguem sendo sua base mais fiel. Nesse grupo, a aprovação ultrapassa os 50%. Já entre os negros, o apoio desce a 14%. Entre hispânicos, recuou para 27%, e entre asiático-americanos, caiu de 47% em fevereiro para apenas 29% em abril.

A divisão se repete entre homens e mulheres.

O republicano tem 44% de aprovação entre os homens e 37% entre as mulheres.

O padrão também é evidente por idade e escolaridade. Jovens e diplomados universitários rejeitam Trump majoritariamente. Já eleitores mais velhos e com menor nível de instrução sustentam parte expressiva de seu apoio.

A filiação partidária define com precisão o quadro.

Entre republicanos, Trump alcança aprovação de até 90%, segundo a Gallup. A YouGov confirma 86%, e a Marist aponta que 54% deram nota “A” ao presidente.

Entre os democratas, a situação é inversa: a aprovação não passa de 7% na Pew, 4% na Gallup, e 2% na Quinnipiac. 80% dos democratas atribuíram nota “F” ao governo, segundo a Marist. A polarização é total e é a verdadeira notícia.

O grupo dos independentes, que costuma decidir eleições, mostra queda progressiva no apoio desde o início do ano. A deterioração nesse segmento preocupa estrategistas republicanos, especialmente em estados-pêndulo.

A queda mais recente se intensificou após o anúncio de tarifas de importação em abril.

Mesmo sob críticas, Trump permanece como figura central da política americana. Continua mobilizando sua base e influenciando o debate nacional. A rejeição expressiva em parte do eleitorado não elimina sua capacidade de articulação e competitividade.

Esse fenômeno não é exclusivo dos Estados Unidos.

Democracias ocidentais enfrentam realidades semelhantes. A polarização avança e transforma o modo como líderes são avaliados. Identidades políticas se sobrepõem a discussões objetivas sobre governo e políticas públicas.

Além disso, comparar os índices atuais com os de 20, 50 ou 100 anos atrás é um erro comum. O contexto político e eleitoral mudou de forma profunda. O ecossistema de informação que moldava a opinião pública era mais concentrado, com menos atores e mais controle editorial.

Hoje, redes sociais fragmentaram o debate público.

A informação circula praticamente sem filtro, com espaço aberto para desinformação, manipulação, discursos irracionais e histéricos. Pesquisas de opinião passaram a refletir não apenas percepções racionais, mas estados afetivos e identitários.

As bolhas criadas por algoritmos digitais refo/rçam crenças preexistentes. Grupos diferentes consomem realidades distintas. Isso torna a opinião pública menos permeável ao contraditório e mais resistente a mudanças.

A imprensa também passou a desempenhar papel ativo na polarização. Deixou de ser mediadora e tornou-se agente do processo. Muitas vezes, adota posições políticas e condiciona a cobertura jornalística à lógica da disputa ideológica.

Comparar índices de popularidade sem levar em conta essas transformações é descontextualizar os dados. Os números de hoje refletem um ambiente de polarização extrema, hiperfragmentação da informação e uso político das plataformas de comunicação.

Os antigos padrões de aprovação presidencial foram construídos em contextos mais estáveis.

Os atuais traduzem uma nova era, marcada por disputas permanentes por atenção, por narrativas e por identidade.

Avaliar Trump apenas pelos percentuais médios esconde a real complexidade do cenário.

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